Não queria, mas acordei a meio da noite.
Não fui a única, reparei, mas por não saber como agir fingi. Fingi que dormia e até respirei alto para abafar o bater do meu coração. Será que te consegui enganar? Acreditaste em tudo ou fui demasiado óbvia? Foste tu quem me acordou? Não seria a primeira vez na nossa história. Nunca tinha ouvido o meu coração bater assim tão alto! Não sabia o que fazer... Acabamos sempre nos braços um do outro, em casa ou no bar, no quarto ou no terraço. Há uma qualquer atracção cósmica que tento ignorar desde que te conheci mas sem qualquer sucesso.
Este dia tinha começado diferente, mais adulto se me permito afirmar tal coisa! Tomámos café, bebemos cerveja, conheci alguns dos teus amigos e contámos mil histórias sobre nós. Vesti os meus calções de ganga e tu tiraste a t-shirt. Noite demasiado quente, disseste, jantamos na varanda! Devia ter reparado nos sinais, mas como adivinhar? Temos este histórico de encontros onde a pura amizade e o puro desejo se cruzam sem avisar, não posso estar constantemente alerta!
Conversámos durante horas sem reparar no tempo a passar, e adormecemos lado a lado como tantas vezes tinha acontecido.
Não queria, mas acordei a meio da noite.
Estavas tão perto que te sentia sem me mexer. Ficámos em silêncio como se já não soubéssemos as regras. Nunca foi só amizade mas o que era agora? E naquele silêncio pesado, sem beijos nem promessas, percebi que não era o fim, era só mais um capítulo deixado em aberto. Como sempre.
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